1. Sanhauá
BR-M11 - 18-00005
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
estou à beira lágrimas
e à sobra de minh´alma
eu contemplo o rio
de um lado
o mundo é mangue
do outro lado
o mundo é longe
- vê-se o mar!
quanto sonho há no rio
de ser mais que rio
de ser mais que mar
Voz - Eleonora Falcone
Acordeon - Lucas Carvalho
Alfaia, derbak, tambor - Gledson Meira
2. vestindo o poema
BR-MI1-18-00006
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
meu exercício
de voar
é pousar
na imaginação
das asas
é fazer ninho
com as palavras
Voz – Eleonora Falcone
Acordeon – Lucas Carvalho
Cymbal, hi-hat com pandeirola, tambor – Gledson Meira
3. poeta
BR-MI1-18-00004
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
foi longo o grito
pulou do térreo
para o infinito
Voz – Eleonora Falcone
4. história flutuante
BR-MI1-18-00002
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
não tenho horizontes
tenho sonhos à vela
e a tempestade da história
não tenho mapas
tenho cartas anônimas
e os gritos de seus náufragos
não tenho mares
tenho a garganta seca
e as palavras navegáveis
Voz – Eleonora Falcone
Acordeon – Lucas Carvalho
Alfaia – Gledson Meira
5. medo do escuro
BR-MI1-18-00003
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
dançar
e
dançar
embora passos
alheios ao mundo
ser par
e
ser par
quando ser ímpar
é demais profundo
Voz – Eleonora Falcone
Acordeon – Lucas Carvalho
Derbak, pandeirola, spds-x – Gledson Meira
6. dez momentos de pedra
BR-MI1-18-00001
Eleonora Falcone e Lúcio Lins
Dubas/Direto
(1)
onde se lê
pedra
leia-se terra
(2)
as pedras
são uma pedra só
aglomeração
de gente e pó
(3)
amar as pedras
com o coração
de pedra
e perder-se por elas
(4)
no mel
da rapadura
vem da pedra
a doçura
(5)
ser louco
de pedra
e jogar-se preciosa
(6)
uma pedra
em meu olho
...terra à vista
(7)
uma pedra
cósmica
uma outra
cosmética
brilhante eu
vitrine hermética
(8)
existe um caminho
no meio das pedras
no meio das pedras
existe um caminho
(9)
nenhum gesto
salvo
o jeito das pedras
(10)
até as pedras
me encontram
Voz – Eleonora Falcone
Acordeon – Lucas Carvalho
Caixa, cymbal, triângulo, zabumba – Gledson Meiraa
Não consigo mais ler Lúcio Lins sem ouvir as impressões musicais elaboradas por Eleonora Falcone. Parece-me que compositora e poeta estavam sentados na mesma sala quando surgiram poesia e canção. Imensidão é palavra que a gente destina ao que não conseguimos mensurar.
Ter destreza em musicar poesias tão densas nos faz reparar que estamos frente a um ser sensível e de uma capacidade composicional imensa. Nas minhas primeiras audições junto a Eleonora percebi de modo intenso suas linhas melódicas dando direcionamentos harmônicos elaborados e condensando seu caráter mais lírico.
Neste trabalho vejo a poesia como a mãe. A música, o canto, a interpretação está tudo em função da poesia desde os mais breves vibratos vocais aos mais sonoros respiros do fole do acordeom. Ouço todo o mapa visual do poeta Lúcio harmonizado e entoado na música de Eleonora, uma obra artística que se confunde em vibrações da literatura, da música e da criação. Este trabalho me felicita muito.
Sinto-me agraciado pelas potencialidades que a arte me faz viver. Estar em MAIS QUE MAR é me sentir envolto à lama mais firme do Sanhauá entrelaçado à poesia que as raízes criam em seu emaranhado na pulsante e suave correnteza deste rio que corre pro mar.
Lucas Carvalho
Arranjos – Eleonora Falcone, Lucas Carvalho, Gledson Meira
Preparação Vocal e Consultoria – Daniella Gramani
Gravação e Mixagem – Giulian Cabral/GC Studio
Masterização – Carlos Freitas/Classic Master
Design – João Faissal
Fotos – Paulo Rossi
Direção Artística, Produção Musical, Fonográfica e Executiva – Eleonora Falcone
Agradeço a todos que participaram deste projeto.
À memória de Carmen, minha mãe.